O Sétimo Giro e o Silêncio

Lembro-me da primeira vez que perdi meu sétimo giro grátis. Era meia-noite. O apartamento estava em silêncio. Fora, as luzes de Londres brilhavam como prata distante—nenhuma música, só o sussurro dos meus pensamentos. Acreditava que jogos eram sobre vencer. Mas e se não fossem? Cada puxada não era aposta—era uma conversa consigo mesmo. Eu era psicólogo numa empresa global. Analisamos dados: taxas de vitória, riscos, sistemas de recompensa. Tudo parecia limpo—algorítmico, transparente. Mas ninguém falava do que acontecia dentro da mente do jogador. Não após a perda. Não após três giros consecutivos sem retorno. Foi aí que parei de rolar e comecei a ouvir. O jogo não precisava de bônus—precisava de silêncio. A coelho não estava lá para dar ouro—estava lá para ensinar a sentar com vazios sem medo. Comecei a escrever poemas às 3h—linhas curtas em pedaços de papel—sobre como a alegria não é algo vencido, mas algo permitido: você jogar sem precisar vencer. Não por sorte—but por escolher aparecer, estar presente, jogar sem precisar vencer.